Que bela imagem, povoada de estrelas, tirada pelo Observatório Europeu do Sul! Mas olhe com mais atenção: não lhe parece que alguém derramou alguma coisa no meio da imagem? O astrónomo que pela primeira vez observou esta exata zona do céu pensou exatamente o mesmo. Embora as suas palavras tenham sido um pouco mais poéticas: descreveu-a como 'uma gota de tinta sobre o céu luminoso'.
O que na realidade vemos nesta foto são milhões de estrelas cintilantes, da parte mais brilhante da nossa galáxia, a Via Láctea. Uma porção de céu tão cheia de estrelas que dificilmente se conseguem ver zonas escuras ao longo de toda a foto. No entanto, ao centro, ao lado de um enxame de estrelas azuis especialmente brilhante, podemos observar uma estranha nuvem escura.
Apesar de transmitir a ideia de um “buraco” numa tela densamente povoada de estrelas, na realidade trata-se de uma pequena nuvem de poeira, isolada e situada sobre um fundo de estrelas. Chamamos a estas nuvens 'glóbulos de Bok'. São formados por pequenos grãos de poeira que bloqueiam a luz das estrelas que se encontram por trás deles, fazendo com que a região pareça vazia.
Glóbulos de Bok são os restos de nuvens muito maiores, conhecidas como 'nuvens moleculares' ou pelo nome mais célebre de 'berçários estelares', porque é a partir dessas grandes nuvens que as estrelas nascem! Podem formar-se cerca de 10 milhões de estrelas do tamanho do nosso Sol, a partir de uma nuvem molecular! As estrelas do enxame brilhante no centro desta foto formaram-se todas a partir da mesma nuvem molecular, e o glóbulo de Bok que lhes está próximo é o pouco material que restou dessa fase.
Facto curioso
Alguns psicólogos utilizam o “teste do borrão de tinta” para verificar a saúde mental dos seus pacientes. Consoante as formas que um paciente vê em cada borrão de tinta, o psicólogo determina as características da sua personalidade. O que vê nesta mancha escura? Nós vemos uma lagartixa. O que será que isto revela sobre nós?
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Este Space Scoop é baseado no ESO Press Release.
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